***Pedras alicerceares da vida***
Eu agradeço à todas as pedras que estavam e estão presentes
ao longo de meu caminho.
À algumas que me fizeram tropeçar e, muitas vezes, me ferir
profundamente.
Outras que apenas estavam lá esperando que eu passasse por
elas, almejando a queda e não contavam que houvesse, mais perspicazes que elas,
desvios para o caminho correto.
Muitas das quais não valem sequer serem mencionadas, mas que
também agradeço: àquelas pequeninas e inferiores pedrinhas que, às vezes,
entram em nossos sapatos e provocam um pequeno corte. Mas são ponderáveis, são
apenas “pedrinhas”.
Há! Agradeço às pedras gigantes, de caráter duvidoso, que
muitas vezes num árduo e vão esforço tentavam se passar por flores. Mas eram
medíocres e ignorantes o suficiente para acreditarem em seus próprios
disfarces.
Agradeço à todas...
Às pedras invejosas que desejam ter asas como os pássaros e
por isso se sentem prazerosamente bem utilizadas nos estilingues, alvejando e
destruindo.
Às pedras maldosas que entram em nossas vidas
sorrateiramente nas solas de nossos sapatos para causar incômodo e tomarem
nosso precioso tempo tentando removê-las.
Às pedras preciosas e pontiagudas que pensam ter valor
porque, aparentemente, brilham mais que as outras; no entanto, não têm valor
senão adornar seres tão enfadonhos quanto elas. São apenas objetos de consolo
para fúteis. Quando esbarram umas nas outras e lascam-se um milímetro podem
cortar e ferir profundamente quem as carregou longo tempo.
Às pedras formadas de torrões de barro, que se consideram
humildes e bondosas por enfatizarem que nenhum mal podem provocar à alguém, mas
que, desesperadamente, se tornam vorazes e nas tempestades se fazem enxurradas
que levam tudo, levam vidas, levam sonhos e levam até mesmo as outras pedras.
Agradeço à estas também, que todos os dias desejam,
desesperadamente, pela chuva, para transformarem-se. Mal sabem que a mais
triste das tempestades vem de seus próprios olhos, pelas lágrimas sentidas, por
desejarem ser tão gloriosas e percebidas, mas terem a certeza que são e sempre
serão apenas torrões de barro.
HELENNASOUZA
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