Às vezes achamos que as coisas estão resolvidas quando deixamos pra lá e seguimos em diante;
Às vezes acreditamos que o perdão é o simples fato de esquecer as falhas e focar nas qualidades;
Às vezes imaginamos que o futuro nos reserva o melhor se agirmos deixando os detalhes pra trás; Mas depois de um ou dois tombos da vida, colocamos os pés no chão e entendemos que pra tudo existe um limite.
Fazendo uma analogia simples, depois de um tempo entendemos que se jogarmos o lixo na lixeira todos os dias sem esvaziá-la um dia ela vai transbordar. Na cozinha tem lixeira, no escritório tem lixeira, até no computador existe uma lixeira, não seriam os complexos relacionamentos entre pessoas que deixariam de desfrutar do benefício de ter uma grande lixeira. Acredito que para cada relacionamento existe uma lixeira, uma lixeira de uso coletivo e é nela que despejamos as nossas decepções, composta da grosseria alheia que ali há de adormecer, muitas vezes pelas diferenças, por falta de consideração, ou falta de atenção, outras vezes por falta de compreensão. Ou um pouco de tudo isso que é o mais comum dos casos. Toda relação é composta de altos e baixos, eu te amo agora e te esqueço amanhã pois estou muito ocupado, mas você releva por entender minhas obrigações, mas é ai que você usa a nossa bela lixeira, por esta insatisfeita naqueles momentos de solidão. As diferenças se afloram e quando eu olho pra você vejo sua insatisfação, então eu jogo a sua indiferença na lixeira sem ao menos olhar o que já tem lá dentro, enchendo ainda mais a nossa lixeira que já não cheira nada bem.
Isso tudo vai virando um jogo quando um quer mostrar pro outro que está certo e que o outro deve esvaziar a lixeira sozinho, enquanto isso ela só vai enchendo mais e mais e o seu mau cheiro incomodando a quem convive por ali. Muitas vezes impedimos o outro de esvaziar a lixeira e queremos ir empurrando a coisa com a barriga, noutras obrigamos o outro a colocar o lixo pra fora sozinho, existe ainda a situação de não conhecemos o caminho para esvaziar a lixeira, ou simplesmente não ter humilde para falar, “me ajuda pois é muito pesado e fedorento pra eu carregar pra fora sozinho”. O que eu quero mesmo dizer é que somos imperfeitos, e se não soubermos resolver as nossas falhas e dividir o peso e o mal cheiro da lixeira não conseguiremos chegar há lugar nenhum. Não adianta deixar pra trás dia após dia, uma hora não conseguirá mais respirar naquele lugar e fugirá sozinho. O caminho então é o respeito de ouvir atentamente, ser ouvido e se fazer entendido, daí então seguir em diante como um novo cheiro no ar, é como lavar a lixeira com bastante detergente. Não adianta mais colocar aquele velho sorriso amarelo pra fora e dizer as palavras mágicas: “deixa pra lá, esquece isso”. Isso até pode resolver por um tempo para algumas pessoas, mas a verdade é que as pessoas maduras resolvem os problemas, minimizam as diferenças e são felizes, pessoas imaturas sofrem para aprender e tentar fazer certo da próxima vez, ou acabam vivendo eternamente num ambiente fedorento.
HELENNASOUZA
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